Rosa Maria (PT)


East-Timor,
Ainaro

Voluntário Fidesco enviado em missão a1 de Dezembro de 2013Professora

Trabalho em Timor-Leste, no distrito de Ainaro, nas montanhas.

Ensino em português, 6 turmas duma grande escola católica e também, noutros grupos menores, num Colégio católico.

Responsabilidade por cerca de 200 crianças, distribuídas por turmas de 40 alunos, na maioria.

Excerto do 1º relatório

Ainaro é uma vila, construída num vale, entre montanhas imponentes, de vegetação exuberante. Terrenos férteis, água abundante (mal distribuída, pois numa terra destas chegamos a não ter água durante 48 horas, sobretudo se há chuvas torrenciais e ventos ciclónicos), gente de belo sorriso… Lugar onde ainda hoje se podem ver os efeitos devastadores da guerra, que terminou com a saída tempestuosa dos indonésios.
Ainaro situa-se a 120 Km de Dili; essa perigosa estrada, demora (se tudo correr bem!) 6 ou 7 horas a ser percorrida; este caminho de montanha fora outrora aberto pelos indonésios, para chegarem à guerrilha de Xanana Gusmão, pois esses homens guerrilheiros fizeram das montanhas do seu país Quartel General.
A estrutura dos aglomerados populacionais não é do tipo europeu e que nesta região a língua (dialecto) mais utilizada é mambae; também falam tétum; os mais velhos, os mais novos, os letrados, falam português, inglês, bahasa indonésia (de alguma forma, esta «Torre de Babel» linguística é um indicador de desorganização geral; uma terra riquíssima, habitada por gente pobre.
Tenho por companheiras de missão, em Ainaro, Andreia, uma jovem portuguesa de 30 anos, que trabalha no campo das artes; e Francine, uma professora francesa, da minha idade, que aqui ensina inglês, pois ela tem bom domínio dessa língua.
A casa onde moramos (as 3 voluntárias) é muito perto das escolas onde trabalhamos; esta casinha, adaptada, de frágil construção e lindas grades nas janelas, cercada de viçosa hortelã e outras plantas, de telhado de zinco (como a maioria), terá sido Cartório Paroquial; temos esgotos e água canalizada, se bem que essa canalização seja muito rudimentar. Todo este “campus” é junto à Igreja Matriz de Ainaro (construída em 1937 e actualmente em obras de restauro), à Casa Paroquial, ao Colégio e à Casa das Irmãs Canossianas (com quem não trabalho, por falta de tempo livre).
Vivemos num ambiente harmonioso, donde podem resultar belas conversas, em várias línguas (tétum, português, inglês, bahasa/indonésia, francês, mambae…), sobre assuntos do interesse geral, sobre diferenças e semelhanças culturais, sobre mentalidades ; e histórias que tiveram e continuam a ter bastante em comum.
Cumprir horários, preparar lições, corrigir trabalhos, ajudar alunos, na aprendizagem do português… é um trabalho infinito, gratificante, que não envolve sacrifício, mas para o qual precisamos de tempo, muito tempo. Em Timor-Leste as coisas acontecem a um ritmo diferente do nosso : as aprendizagens, o cumprimento das tarefas… Mas há prazos e há que cumpri-los.

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