Andreia Rodrigues (PT)


East-Timor,
Ainaro

Voluntário Fidesco regressado de Missão a…17 de Dezembro de 2014Professora de expressões artísticas

Trabalho em Timor-Leste, no distrito de Ainaro, nas montanhas.

Projeto de educação/animação de uma escola com cerca de mil alunos, dirigida pela paróquia.

Lecionação de português e expressões artísticas com o objetivo de incentivar os jovens a descobrirem novas áreas de conhecimento e métodos de aprendizagem, auto-conhecimento de modo a potenciar as suas capacidades e formação/capacitação para livremente descobrirem o seu futuro.

Excertos do 4º relatório, Março de 2014

Como muitos sabem, os meus dois anos de missão concluíram em Agosto de 2013.

Foram dois anos que passaram a voar e me trouxeram muitas experiências, mudanças, diferentes perspetivas de vida (concordando ou não com elas), acontecimentos inesperados entre muitos sorrisos e algumas lágrimas.

Assim sendo neste 4º relatório vou falar-vos um pouco de como surgiu o desejo de prolongar a missão, o novo projeto e obviamente os novos desafios que a ele vêm agregados. Quero ainda apresentar-vos a nova voluntária portuguesa que chegou em Dezembro.

Desde o início do ano letivo 2013, que comecei a pensar na possibilidade de pedir extensão de missão, de modo a concluir o ano letivo, fazer o lançamento das notas e despedir-me devidamente dos alunos que acompanhei desde a minha chegada. Mas a verdade é que eu sentia que a minha missão não estava concluída… Eu vim para Ainaro em 2011, com o objetivo de desenvolver atividades na área das expressões artísticas mas na verdade essas atividades foram sempre muito esporádicas. Somente em Março de 2013 ganharam alguma regularidade e comecei a ver alguns resultados, o que intensificou o pensamento “A minha missão não está concluída!!!”. Com o passar do tempo sentia que ainda podia fazer mais, dediquei tanto tempo ao português quando na verdade me chamaram para trabalhar na área das artes… Mal tinha começado e já tinha de me ir embora?! Até que um dia surgiu de forma bem clara na minha mente “Não posso ir já embora!!!”

Em Dezembro, a Rosa Maria veio ter comigo e agora está em Ainaro a dar aulas de Português na Escola Secundária Católica (a minha missão anterior) e a algumas turmas do Colégio S. Luiz Gonzaga.

A Elisabeth que estava comigo desde setembro de 2012 foi transferida e neste momento está em Ermera (outro distrito) e a Francine ainda continua em Ainaro, a dar aulas de inglês. Por isso neste momento continuamos a ser 3 voluntárias em Ainaro.

 

Todos os anos no início do mês de outubro há uma peregrinação ao topo do Monte Ramelau. Embora eu já tenha subido anteriormente, desta vez subi em peregrinação com alguns elementos da comunidade de Ainaro e é uma experiência completamente diferente.

Iniciámos a subida ao inico da noite e fomos por entre uma escuridão absoluta, até aos 3000 mil metros de altitude, com os melhores agasalhos e mantas que conseguimos. Na subida valeram-nos as nossas pequenas lanternas que nos ajudavam a ver pé ante pé e nos evitaram o cansaço psicológico, pois só durante a descida, iluminados pela luz solar tivemos a noção da acentuada inclinação do terreno.

Quando chegámos à zona da missa havia fogueiras acesas por todo o lado, criando pequenos focos de luz e fontes de aquecimento.

Durante a noite tentámos dormir, por ali. No chão, perto de uma fogueira, pelo meio de arbustos que nos protegessem do vento. Com gorros, luvas, cachecóis, camisolas, casacos e enrolados mantas, sacos-cama e bem juntinhos. Quando se está no Ramelau é difícil lembrar o calor que se sente por exemplo em Dili. Durante toda a noite as pessoas organizam-se e vão até ao topo, que fica mais ou menos a 30 minutos do local da missa e “acampamento”. O meu grupo foi por volta das 4h30, fizeram um momento de oração e deslumbrámo-nos com um magnífico amanhecer acompanhado por um vento e frio descomunal. Dois fatores menos agradáveis que me faziam tremer sem parar, ao ponto de não conseguir segurar devidamente a máquina fotográfica e perder a sensibilidade para carregar no botão no momento de tirar fotografias.

Por volta das 8horas foi a missa e seguiu-se a descida. Foi também um lindo momento que guardo na minha memória: todas as pessoas a descerem no meio de uma florestas morta que ganhou vida com as cores que cada um transportava, fosse nas roupas, malas ou mantas…

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