João Ferrão (PT)
Angola,
Luanda
Trabalho na editora salesiana: revisão de manuais escolares e de outras publicações em curso, elaboração de alguns manuais de raiz e de itinerários para serem utilizados em grupos de jovens – sugestões para leituras, temas para debater, actividades ou reflexões.
Colaboração em escolas dos Salesianos de D. Bosco – animação e eventual lecionação.
Colaboração na pastoral universitária.
Animação e integração de “meninos da rua”.
Excertos do 2.º Relatório, Maio de 2014
O meu trabalho “técnico” é na editora dos Salesianos. As tarefas são muito variadas. Rever textos, traduzir, escrever livros e coordenar a edição de novos materiais sobre os mais diversos assuntos tem-me ocupado boa parte dos meus dias.
Quanto aos livros, estou actualmente a trabalhar em dois projectos. O primeiro envolve escrever itinerários para grupos de jovens. Cada livro está centrado num tema (família, namoro, escola, etc.) e inclui vários encontros para serem realizados ao longo de um ano, com propostas de actividades e de dinâmicas, sugestões de filmes e de debate, excertos de livros e da Bíblia, entre outros. São doze livros, um para cada escalão etário (que vão dos 12 aos 24 anos). O segundo é a pós-alfabetização – um projecto salesiano nacional, envolvendo professores e colaboradores em todas as províncias onde os salesianos estão presentes. O projecto tem como objectivo elaborar novos manuais para os cursos de pós-alfabetização – ou seja, cursos para quem já fez os primeiros anos de alfabetização (equivalente ao 1º e 2º ano, que aqui ainda se chamam 1ª e 2ª classe). Incluem por isso matérias que vão do 3º ao 6º ano e os alunos são maioritariamente adultos que voltaram a frequentar a escola – ou que nunca a frequentaram de todo (devido à guerra, isolamento das províncias, pobreza, etc.).
No início de Janeiro passei uma semana na Escola de Animadores – uma escola para formação de animadores de grupos de jovens. Os alunos eram cerca de 300, com idades compreendidas entre os 18 e os 26 anos, vindos de toda Angola (de Cabinda ao Moxico), distribuídos por três anos, e durante uma semana tiveram aulas sobre como orientar um grupo. Esta semana foi um pouco como um Éden para mim. Dormia numa tenda, tomava banho de copo e balde, dava algumas aulas, lia muito, falava com os outros voluntários e principalmente lidava com os miúdos.
No final de Janeiro fui duas semanas com os voluntários da Universidade Católica (UCAN) numa missão dentro da missão. Todos os anos os voluntários da UCAN, que durante o ano têm vários projectos em Luanda, organizam uma pequena missão em vários locais de Angola, passando duas semanas a dar reforço escolar a crianças, cursos (que vão das artes à consciencialização sobre DST) e a visitar as famílias locais. A minha missão foi no Dondo, uma cidade bonita e quente a 200km da capital.
Dentro da pastoral universitária, ajudei a organizar, no início de Março, um retiro para jovens (mais uma vez, com idades entre os 18 e os 26 anos). Chamava-se Retiro do Poço e foi a primeira experiência de silêncio e meditação que muitos deles tiveram. Eu dei temas, ajudei na logística, ajudei as mamãs (termo para as senhoras mais velhas aqui em Angola) na cozinha, desenhei e pintei cartazes para as dinâmicas e dei conselhos aos jovens sobre religião, escola e os eternos amores e desamores que nos acompanham toda a vida.